7.10.05

Visto

Image hosted by Photobucket.com

Um pai que vive todos os dias o dia em que perdeu a sua filha, a Alice e o repete milimétricamente como naquela fatídica manhã. Um pai que vive unicamente da esperança de um dia a poder encontrar novamente. Um homem desfeito, um autómato. Um homem que cria um mundo só seu e um sistema aparte para poder encontrá-la como forma de justificar a continuidade da sua existência. Um pai que não perde a esperança para não perder a vida. Uma casal desestruturado, desesperado que não sabe lidar consigo nem sabe lidar com a perda. Uma cidade fria e cinzenta de uma amálga indiferenciada de pessoas. Uma cidade cor do desespero. Uma vida sem um objectivo sem uma finalidade. Um série de rituais urbanos e de relações urbanas. O cinzentismo e a indiferença dos suburbios.
Das poucas vezes onde lisboa não foi filmada para explorar a sua luminosidade tão característica. O filme passa-se no inverno, no meio da chuva, passa-se em tonalidades de cinzento, o tom do desespero e da apatia. Qualidade da fotografia extraordinária. A Musica/banda sonora a condizer singela/simples e muito bela. O desempenho do Nuno lopes fora de série. Um filme a ver.
Apenas uma notazinha: eu acho que as pessoas por vezes no meio da sua tristeza e da sua emoção com a própria história do filme não sabem como reagir perante determinadas cenas chocantes/profundas e riem frenéticamente e descontroladamente como forma de se distanciarem das suas emoções dos seus sentimentos muito mais simples e muito mais cómodo evitando assim se questionarem sobre o que acontece no ecran. A mim causou-me confusão ouvir gargalhadas na sala.

3 Comments:

At sexta out. 07, 03:18:00 da tarde, Blogger amor said...

Espero ir vê-lo na segunda-feira...sei que vou gostar...pela história e pelos actores.

Obrigado.

 
At segunda out. 10, 01:51:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A discrição que fez do filme é simplesmente fabulosa... também tenho uma filha e seria desastroso para mim, fisíca e emocionalmente, ficar sem ela.... é nestes casos que é preciso ser-se mãe ou pai para entender... no normal curso das coisas os pais não deviam morrer depois dos filhos... mas podemos sempre questionar com a velha pergunta dos que se julgam sábios... " o que é normal? "... talvez o normal seja aceitar as coisas... talvez neste caso o normal seria lembrar e nunca esquecer uma filha, mas também continuar o caminho que temos em frente... Boa sorte para si e para a sua vida....

 
At terça out. 11, 10:40:00 da manhã, Blogger Pequenos Nadas said...

obrigada, apenas escrevi o que as minhas emoções ditavam depois de ver o filme...

 

Enviar um comentário

<< Home